Cidadão Livre <$BlogRSDUrl$>

Simplesmente, Liberdade. Um blog de Gabriel Silva

29.2.04

DETZOL FOLQUES! *

Este blog acaba aqui.

É apenas uma etapa que termina, pois passarei a estar no Blasfémias.

Foi um prazer ter-vos a todos por cá durante estes 8 meses, mas desde já os convido a visitarem o Blásfemias, no qual estarei acompanhado pelo Cataláxia e pelos Mata-Mouros, o PMF e a Sara Muller.
Até lá.

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* - expressão genialmente"inventada" pelos Marretas.

ESCUTAS E LIBERDADE

Hoje António Barreto responde directamente ao Bloguítica (posta 442).
E com razão, diga-se. Os fins não justificam os meios.

Já que se fala disto, relativamente a este pedaço que na altura me passou despercebido (post 449): "(...)não será que a violação da correspondência, da privacidade e da intimidade – em situações excepcionais – não será um pequeno preço a pagar, precisamente para que se salvaguarde a saúde do próprio regime democrático? (...)"

A minha resposta só pode ser: Não.

Demonstra a história recente, que sempre que os Estados democráticos aprovaram legislação especial para combater o terrorismo (v.g. UK e Espanha) a coisa descambou para a restrição das liberdades, abuso dos direitos dos cidadãos, corrupção, compadrio, poderes paralelos dentro do Estado, etc., etc.

A democracia dá-se sempre mal com leis que restringem a própria liberdade, uma vez que são em si mesmas contraditórias com o que se pretende preservar. As leis de excepção contém em si mesmas o vírus letal que pretendem combater, mas ao contrário dos antibióticos que utilizam o mesmo principio, nos regimes democráticos, a doença agrava-se exponencialmente.

Para além disso, tenho a sensação que em muitos casos a intenção das organizações terroristas é exactamente levar os regimes democráticos a endurecer as suas leis e práticas policiais por forma a perderem adesão popular e tornar as populações mais permeáveis a soluções de força.

Ao forçar o seu adversário a tormar medidas repressivas das liberdades, as organizações criminosas estão a atingir um dos seus objectivos primordiais que é o de forçar as democracias a entrarem no terreno de luta e a utilizar as técnicas dos que a pretendem atacar. Só dessa forma e nesse momento as organizações criminosas assumem legitimidade.

28.2.04

MEMÓRIAS DO FANTAS

O Fanstasporto é um dos principais festivais de cinema do mundo, seja pela sua dimensão, qualidade e variedade dos filmes e sucesso de público.
Está agora decorrer a sua 24ª edição, à qual não tenho oportunidade de assistir.

O Fantas tinha, no tempo em que eu assiduamente participava, diversas particularidades que o tornavam tão carismático.
Hoje em dia está popularizado o conceito de ir ao cinema sem se saber ao certo que filme se vai ver. No Fantas era assim todos os dias. Lia-se o programa, dizia-se vagamente “ouvi dizer que este é bom” e sabe-se lá que mais mentiras intelectuais e partia-se para o Carlos Alberto para uma sessão no escuro. Em todos os sentidos.
Aquele cinema não tinha lugares marcados, as pessoas sentavam-se onde queriam, mas existiam arrumadores!

A fauna que o frequentava sempre me fascinou: de onde saía aquela gente cheia de barbas, cachecois palestinianos, malas a tiracol, eu sei lá? Zombies noctívagos certamente pois de dia não se viam pela cidade.

O ambiente era perfeitamente delirante. Batia-se palmas quando as moto-serras dos filmes de Dário Argento (nas sessões das duas da manhã!) cortavam ao meio o 14º personagem. Tudo aquilo não tinha muito sentido, mas era divertidíssimo. Assobiava-se quando o herói salvava a criança das garras do milionésimo lobisomem: “deixa ver”, “sacana”, sai da frente”, “deixa o rapaz trabalhar” eram expressões usualmente soltas pelos mais exigentes.
Havia intervalos nos filmes e uma onda de fumo entrava pela sala dentro na segunda parte.

Um dia, numa qualquer sessão às cegas das 15.30 apareceu um sujeito em cima do palco a anunciar que o filme se tinha atrasado num qualquer aeroporto e portanto iria ser substituído por outro, de um ainda mais obscuro realizador polaco, em V.O., legendado em francês. Ninguém saiu da sala. Ninguém protestou. Era para isso mesmo que lá estavamos todos. Ser surpreendidos. Nem sequer ao fim de meia hora em que não se percebia um chavo (toda a gente percebia francês, claro, a dificuldade tinha mais a haver com a realização, com a história e com as legendas de minuto a minuto, num filme cheio de diálogos naquela bela língua de Leste. Mas o êxtase aconteceu quando de repente, num belo efeito cinematográfico de impossível repetição, a película, qual cena inicial do Bonanza, começou a arder, do centro para a periferia. A sala vinha abaixo com palmas, gritos de “bis, bis”, “queremos mais” e sei lá que mais. Lá surgiu o mesmo personagem a anunciar “um curto intervalo” e a reposição de um filme passado no dia anterior.
Vi lá coisas excelentes das quais destaco a ante-estreia de Blade Runner. Cronemberg, o horrível, mas por isso mesmo divertido filme de Coppola chamado “Dimitri 13, o “Metrópolis” do Fritz Lang com banda sonora por uma orquestra ao vivo, “Solaris” do Tarkovsky, Joel e Ethan Cohen, Brian de Palma, Freddy Krugger, Pedro Almodovar, Stephan King, Tarentino, o “Delicatassen”, David Lynch e tantas coisas boas.

E tenho a sensação que é um Festival com poucos subsídios (é duro, mas fica-lhe bem e aguça o engenho), com uma excelente imagem visual e gráfica e que se tornou uma marca visível da cidade.
Viva o Fantas!



27.2.04

200 MIL NÃO SÃO SUFICIENTES

"Uma sondagem do Eurobarómetro mostra que apenas um por cento da população activa desses dez países [novos Estados membros da UE] manifesta "uma vontade forte" de emigrar nos próximos cinco anos.
Isso significa, na prática, que o alargamento fará com que entrem anualmente na UE (...) cerca de 220 mil emigrantes (...)"

Ao ler isto, e sabendo-se que Portugal precisa de 200 mil emigrantes/ano, torna-se claro que actual política emigratória do Governo português e de outros países da UE tem mais a haver com demagogia, fomento da emigração clandestina, protecção das máfias e exploração de mão-de-obra do que com a defesa dos interesses nacionais.
Á ATENÇÃO DOS CRÍTICOS DO MINISTRO DA CULTURA:

"Lançamento de Rosetta adiado novamente"
ESTADO LADRÃO

Veja-se a lista de empresas públicas publicada hoje no Semanário Económico.

Ou é de mim, ou 99% daquilo não faz sentido.

- O Estado está a gastar mal o dinheiro dos contribuintes ao constituir e manter empresas que não são empresas, pois não visam produzir serviços/bens em troca de uma receita;
- O Estado está a gastar o mal dinheiro dos contribuintes pagando prejuízos de empresas que são por si mal geridas;
- O Estado está a gastar mal o dinheiro dos contribuintes ao afectar recursos financeiros e humanos em empresas que concorrem directamente com empresas constituídas e suportadas pelos seus cidadãos;
- O Estado está a gastar mal o dinheiro dos contribuintes ao deter a propriedade, a gestão e a suportar os custos de empresas que são duplicações de entidades, serviços e departamentos públicos, sem que estes sejam devidamente reformulados do ponto de vista financeiro, competências e pessoal.
- O Estado está a gastar mal o dinheiro dos contribuintes ao deter a propriedade, a gestão e a afectar recursos para empresas que actuam em sectores que nada tem a haver com a função pública de um Estado respeitador da liberdade dos seus cidadãos;

EMPRESAS DO ESTADO POR SECTORES

Imobiliário/Turismo:

COMUNDO - Consórcio Mundial de Exportação e Importação, SA
GESTNAVE - Serviços Industriais, SA
Parpública - Participações Públicas
Sociedade Águas da Curia, SA
Sociedade Autódromo Fernanda Pires da Silva
Sociedade Parques Sintra - Monte da Lua
Sodera- - Investimentos e Projectos
Sonagi - Soc. Nacional Gestão Investimento, SA
Teatro D. Maria II, SA
Gestínsua - Aquisições e Alienações de Património Imobiliário e Mobiliário, SA
Imobiliária Construtora Grão-Pará, SA
Metanova- Comércio e Gestão de Imóveis, SA
ENATUR
EUT - Empreendimentos Urbanos e Turismo, SA
Matur - Sociedade de Empreendimentos Turísticos da Madeira, SA
Navotel - Empreendimentos Turísticos, SA
Socieddae Turistica da Penina
Torrralta-Club. Internacional de Férias, SA

Energia
EDP - Electricidade de Portugal, SA
Hidroeléctrica de Cahora Bassa, SA
Galp Energia SGPS
EGREP-Entid. Gest. Reserv. Estrt. Petrolíf, EPE
Natgás - Companhia Portuguesa de Gás Natural, SA

Agricultura e pescas
Docapesca - Portos e Lotas, SA
ENDAC - Empresa Nacional de Desenvolvimento Agrícola e Cinegético, SA
Cooperativa dos Armadores de Navios de Pesca do Bacalhau, SA
Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré, SA
PEC - Produtos Pecuários e Alimentação, SA
Caso- Centro de Abate de Suinos do Oeste, Lda
CNEMA - Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, SA
EPAC - Comercial, SA
Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal, SA

Financeiro
Caixa Geral de Depósitos, SA
FRME - Fundo para a Revitalização e Modernização do Tecido Empresarial (SGPS)*
FRMERMI - Fundo para a Modernização e Reestruturação do Tecido Empresarial (SGPS)*
FIEP - Fundo para a Internacionalização das Empresas Portuguesas (SGPS)*
FRIE Capital*
PME Capital, SA
PME Investimentos, SA
EFACEC Int. Financing

Indústria
EDM - Empresa de Desenvolvimento Mineiro (SGPS), SA
Auto Marinhense - Soc. Port. Comérc. Repar. Máq. Ind.,Lda
Companhia Minas de Penedono, SA
Estaleiros Navais de Viana do Castelo, SA
DECOVIZ - Produtos de Decoração, Ldª
ENU - Empresa Nacional de Urânio, SA
Fábricas Mendes Godinho, SA
FNM - Produtos Alimentares e de Consumo, SA
Empresa Martins & Rebelo - Indústrias Lácteas e Alimentares, SA
Sociedade Têxtil da Cuca, SA
TEVITOM - Confecções de Vestuário, Ldª.
TEVIZ - Têxtil de Vizela, SA
DILOP - Alimentos do Sul, SA
DILOP - Charcutaria Cozidos e Fumados, SA
DILOP- Prdutos Alimenatres, SA
DILOP- Transportes, SA
Eurominas - Electro Metalurgia, SA
Messa - Indústria de Precisão, SA
Metalurgia Casal, SA
Nova Vouga - Industrias Alimentares, SA
PROPNERY- Proprieddaes e Equipamentos
Portucel - Empresa de Celulose e Papel de Portugal (SGPS), SA


Comunicações
CTT - Correios de Portugal, SA
Portugal Telecom (SGPS), SA

Comunicação Social
Rádio e Televisão de Portugal (SGPS), SA
Lusa

Transportes
Companhia Carris de Ferro de Lisboa, SA
CP - Caminhos de Ferro Portugueses, EP
Metro do Mondego, SA
Metro do Porto, SA
Metro -Metropolitano de Lisboa, EP
Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, SA
TAP - Transportes Aéreos Portugueses, SA
TRANSTEJO - Transportes do Tejo, SA

Saúde
No sector da saúde foram criados 31 hospitais SA.
MADRUGADAS DOS JORNALISTAS

"A disputa de audiências chegou agora às madrugadas, mais precisamente ao período que vai das 7.30 às 10.00, (...)"
JN, 27.02.04

24.2.04

VISTAS AS COISAS ASSIM....

"Se já se vendem crianças pela internet, porque não quadros de Picasso?"

José Augusto França, crítico de arte, na TSF, 23/02/04 a propósito de uma não-notícia da venda de um quadrinho de Picasso no eBay.

23.2.04

GUILHERME SILVA NO SEU MELHOR!

"O PSD Tem Uma Não-posição Sobre o Aborto"

Variações possíveis e todas verdadeiras:
"O não-PSD tem uma posição sobre o aborto"
"O PSD tem um aborto sobre a não-posição"



22.2.04

GLÓRIA FÁCIL, MAS TEMPORÁRIA

Pergunta-se: "Alguém se lembra, na História, de uma guerra da qual os vencedores militares tenham saído politicamente derrotados?"

Assim de repente, sem grande preparação, lembro-me das seguintes:
(1) a invasão da Grécia por parte de Xerxes, rei da Pérsia;
(2) a vitória de Esparta na luta com Atenas;
(3) A Santa Aliança que derrotou militarmente Napoleão e que se viu internamente confrontada com revoltas populares de caracter liberal;
(4) a invasão do Egipto por parte da França e Reino Unido em 1956;
(5) a vitória de Israel em 1973 contra o Egipto;
(6) a invasão de Chipre pela Turquia, em 1974;
(7) a invasão do Líbano por Israel, em 1982;

Outras haverá, por essa História fora.
OUTROS NEGÓCIOS ESTRANHOS

O Governo em tempos fez um concurso público para atribuição de 4 redes de telecomunicações em umts.
Passados 3 anos, 3 dos empresas licenciadas decidiram comprar as dívidas e o capital de um dos operadores que desistiu, a ONI, sem que a respectiva licença tenha sido novamente colocada no mercado. Porquê? Porque razão 3 entidades que deveriam ser concorrentes entre si decidem eliminar em consórcio um concorrente, apropriando-se de um bem público?


Alguém consegue explicar as seguintes negociatas?

- a RTP comprou os direitos (disputadíssimos no mercado internacional) dos direitos televisivos do Euro 2004; Em seguida, decidiu acabar com a transmissão de futebol na RTP 2; e por fim, vendeu, não se sabe porque preço ou porque razão, dezenas de jogos às televisões suas concorrentes;
- a RTP fez um acordo com as suas concorrentes, por forma a limitar o seu espaço publicitário (beneficiando directamente a TVI e a SIC), tendo como contrapartida uma maior contribuição daquelas suas concorrentes para um fundo de apoio ao audivisual;
- a RTP, empresa falida comprou o canal NTV em 2002 - para quê?
- Porque é que todas as propostas de compra do referido canal, apresentadas por diversos empresários, não foram sequer discutidas?
- A RTP, sem base qualquer estudo de viabilidade económica, politica editorial ou outra estratégia visível, desmantelou o canal NTV, que em termos de audiência regional (norte) disputava taco a taco audiências com a SIC Notícias.


"O Secretário de Estado dos Transportes, Francisco Seabra, enviou à direcção da Antram, na noite de quinta-feira, um despacho onde "reconhece que a diferenciação positiva do transporte profissional face ao particular (...) tem impactos positivos nos domínios energéticos, ambiental e de segurança rodoviária" (...)

Ou seja, perante uma ameaça de corte de estrada, o responsável do Governo vem dizer esta coisa espantosa: que se o gasóleo para os camiões for mais barato, com a diferença a ser paga por todos os contribuintes (claro!), tal será positivo para a eficiência energética (!!), para o ambiente (!!!) e para a segurança rodoviária (!!!).

Não sei quem seja Francisco Seabra, mas parece-me um bocadinho guterrista.

PORTUGAL NO SEU PIOR

Ver artigo integral sobre as fraudes, roubos, desvio de fundos, inoperância das polícias, incompetência do Ministério Público, compadrio autárquico e empresarial, caciquismo e tudo o que se possa imaginar, neste brilhante e triste retrato do Portugal dos dias de hoje.
ABDUL QADER
Cientista paquistanês, foi comprovadamente o responsável pela "venda" de segredos e tecnologia nuclear a diversos países, nomeadamente ao irão, à líbia e Coreia do Norte.

Acho chocante que tal personagem não seja de imediato incluído na lista dos criminosos mais procurados do mundo, a quem deveria ser dada "caça" por qualquer país que sinta ameaçado pelos actos de que foi responsável. Ou seja, todos os países.

Pior ainda, é o ditador-fantoche do Paquistão (que não deverá demorar muito a ser derrubado, valha-nos isso), ter "perdoado" os crimes daquele senhor. Há coisas que continuam a ser estranhas.
NÃO SEI AO CERTO COMO CHAMAR-LHE,
mas existe hoje uma tendência para uma certa "ditadura do pensamento".
Ana Sá Lopes, hoje, no Público, na coluna "Sobe e Desce" dá expressão a essa tendência na forma como desanca nas declarações de Luís Villas-Boas sobre os homesexuais, apelando para a demissão do homem, falando em "arrozoado homfóbico", "enormidades", etc.

Ora, pessoalmente até não concordo com as opiniões de tal senhor,, mas não vejo que as mesmas sejam razão para linchamento.
Discordo dele e se tivesse oportunidade tentaria fazer-lhe ver uma argumentação em sentido diferente.
Mas, em liberdade, não é lícito as pessoas terem opiniões diferentes? Porque razão, sendo ele um técnico experiente, com uma actuação série e positiva nas iniciativas de que foi responsável, não poderá ter uma opinião divergente?
Não será apenas porque tais opiniões são "diferentes" do politicamente correcto? Divergentes das correntes de opinião que tentam "iluminar" a sociedade?

21.2.04

PRINCÍPIO DE PETER

O que fizeram a Vale e Azevedo não se faz a um cão.

Mas o caso já teve consequências e Ricardo Cardoso será "chutado" para cima, tornando-se em breve Juiz da Relação.

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