Cidadão Livre <$BlogRSDUrl$>

Simplesmente, Liberdade. Um blog de Gabriel Silva

30.11.03

ELVIS
(Declan Patrick McManus)



"She"


She may be the face I can't forget
The trace of pleasure or regret
Maybe my treasure or the prize I have to pay
She may be the song that summer sings
Maybe the children autumn brings
Maybe a hundred different things
Within the measure of a day

She may be the beauty or the beast
Maybe the famine or the feast
May turn each day into a Heaven or a Hell
She may be the mirror of my dreams
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell....

She, who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry
She maybe the love that cannot hope to last
May come to leap from shadows in the past
That I remember 'till the day I die

She maybe the reason I survive
The why and wherefore kind of life
The one I care for through the rough and ready years

Me, I'll take the laughter and your tears
And make them all my souvenirs
And when she goes I've got to be
The meaning of my life is
She....She
Oh, she....

29.11.03

COINCIDÊNCIAS
Ao fim de 5000 edições, voltei a comprar o JN para aceder à regressada Grande Reportagem.

28.11.03

SERVEM, SERVEM
Mais uma dica do Ponto Media: blogs africanos. Sim, existem.
AZAR
(via Ponto Média)
coisas que parece acontecerem de propósito para dar a ideia de que os franceses estão sempre do lado errado, como alguns defendem. Pas moi.
DESCULPE?
"Mesmo o Porto 2001 teve algumas vantagens para a cidade (...)
Importa-se o MA do Cruzes Canhoto de indicar as tais "algumas"?
GWB
Segundo o bloguitica, a ida de George Bush, " Eventualmente, tera’ servido para motivar um pouco as tropas norte-americanas no Iraque, mas nada mais. Como salienta o Terras do Nunca, mais relevante foi o facto de Bush ter feito esta visita envolto numa enorme capa de secretismo e de elevadissima seguranca. Involuntariamente, Bush reconheceu que [1] a moral das tropas se encontra em declinio acentuado e que [2] existe um problema muito serio de seguranca no Iraque."

Discordo que a viagem tenha sido um reconhecimento "implícito" do quer que seja: Bush e a sua equipa governamental não tem escondido que existe um problema sério de segurança no Iraque. Por isso tem lá 180 mil soldados e agora chamaram mais uns milhares de reserva.

Motivar as tropas que sofrem baixas todos os dias, não acho que seja uma acção política menor. É extremamente importante, sobretudo da parte daquele que ordenou a ida daqueles homens e mulheres para lá.
E num dia em que as famílas dos soldados mortos e feridos estão reunidas. E em que mais uns milhares de famílias ficaram a saber que os seus filhos, reservistas, foram chamados a irem dentro de algum tempo para o Iraque.
Acho que pela primeira vez, um presidente deu resposta à velha questão: se aquilo é tão importante, porque não vai ele lá, em vez do meu filho?

Quando referi que aquela viagem foi um acto político brilhante, estava-me a referir ao seguinte:
1. rara ou mesmo nunca, um presidente esteve na frente de uma guerra (e Bagdad é ainda uma frente de guerra);
2. por isso mesmo, a sua ida envolveu um elevado risco fisico, o que é politicamente significativo;
É que podem dizer que, "pois, era o presidente e estava tudo seguro". Então, há guerra ou aquilo está pacifico?
Bom, pergunto: quem de nós se arriscaria hoje a aterrar de noite escura, sem luz, em Bagdad? Sem medo e sem pensar, realisticamente, que um missilzito poderia facilmente ser disparado de algures no deserto?
3. manter em completo segredo uma viagem de tão longa distância, num avião que certamente leva uma boa centena de pessoas, incluindo jornalistas, é notável, em qualquer país do mundo, ainda mais nos EUA;
4. a mensagem foi clara: animar os rapazes + não tenham medo, como o vosso presidente e a vossa nação não tem, por isso estou aqui com vocês;
5. O melhor golpe de proganda mediática foi manter o secretismo. O que é irónico, não é?
6. melhor do que algum discurso, a viagem significou uma forte mensagem: aquela guerra é mesmo, mesmo, muito importante. Foi isso que GWB conseguiu dizer.

E ter conseguido fazer tudo isto, eu entendo que é politicamente notável.

FOIE GRAS NÃO. MORCELA E CHOURIÇO SIM
Segundo o Público, "Portugal continuará sem restaurantes de três estrelas no Guia Michelin".
Porreiro.
Assim, podemos continuar a apreciar sossegadamente os bons restaurantes, sem ter um filada de turistas franceses a ocuparem as nossas mesas.
NARCISO
"Construir pequenos núcleos de habitações de modelo pré-fabricado para a comunidade cigana, capazes de se adaptar ao modo de vida destas famílias e onde elas se sintam melhor".
Nasicso Miranda, Público 28-11-03.

Ò Narciso, e que tal construires uma Casa de Repouso para ti, onde de adaptes a um novo modo de vida e te "sintas melhor"?
GENÇLERBIRLIGI - II
Diz comentador da rádio para-estatal (TSF), no início do jogo: "Estão a fazer um minuto de silêncio. Estranho. Por quem será?..... Ah, deve ser pelas vítimas dos atentados na Turquia."
Pois é pá, deve ser....
GENÇLERBIRLIGI
Parabéns ao ...., aí, como é que se diz? Ah!, ao Gençlerbirligi e à sua equipa:
Damir Botanjic, Tokgöz Gökhan, Abdelzaher El Saka, Özbey Erkan, Bozkurt Ümit, Sümer Beyhan, Baris Deniz, Tandogan Ali, Boral Ugur, Balci Serkan, Filip Daems, Marcel M'Bayo, Bastürk Nihat, Özkan Mustafa, Akýn Bülent, Gürsel Mustafa, Josip Skoko, Forwards, Karaman Bülent, Souleymane Youla, Cansun Begeçarslan Ali, Cihan Veysel.

27.11.03

SENILIDADE DESDE OS 20 OU MENOS
" Não quero que as futuras gerações pensem mal de mim, quero que saibam o que realmente aconteceu, pois sempre actuei segundo princípios democráticos".
Pinochet, Público, 26.11.03

Ora cá está. Deve ser a mesma linha de pensamento de Odete Santos, que defende que em Cuba existe uma "democracia cultural e social".
Isto agora é só democratas.
JORNALISMO DE GUERRA
Tenho tido azar.
Nas poucas vezes que passo os olhos pelas notícias televisivas, vi, em dias diferentes, parte de 3 reportagens sobre e com os soldados da GNR no Iraque

1 - Terça-feira, canal não identificado:
Assunto chave: contingente da GNR queixa-se que está farto da comida italiana. É só massa, massa. Sargento não-sei-quanto diz que o que faz falta são umas batatinhas ou um bife, com ovo a cavalo. Mudar de canal.

2. Dia seguinte, canal não identificado:
Assunto: questão fical dos complementos de salário. Mudar de canal.

3. Hoje, canal não identificado:
Assunto: GNR já podem telefonar para casa e mandar emails. Mudar de canal.

Não sei. Mas será para isto que os jornalistas foram para o Iraque? Para nos darem reportagens "sociais" sobre a "vida dos nossos rapazes"?
Muito me ria se no Natal, os visse a dizerem. " Adeus e até ao meu regresso....".
PRODUTIVIDADE E RENDA
Oito.
Oito pessoas, demoraram quase 5 meses a começar a colocar umas postazinhas.
Mas, caramba. Em 3 dias, nem uma palavrinha? De ninguém?
É assim que se cuida da produtividade nacional?
Que exemplo é esse querem dar?
8X3 dias dava, pelo padrão mínimo de 1X1, 24 postas. Assim, talvez (eu disse, talvez) sonhassem em ser "uma referência".

Então, nem uma ideiasinha sobre "autonomia pessoal, a liberdade de costumes, o liberalismo político, o pluralismo cultural, a tradição progressista da social-democracia e da esquerda democrática, a construção europeia e a globalização democrática"?

Sei lá, pá, até coisas simples, como Iraque, o fim do Pacto de estabilidade, o aumento do imposto sobre combustíveis, o défice de 5%, o tempo frio que faz, algum filme francês, a ementa do Casa Nostra.
São só ideias. Não se trata de pedidos...
Isto de não se receber quando se escreve é chato não é?
ACÇÃO DE GRAÇA
Há que reconhecer que a visita-surpresa-relâmpago de George W. Bush ao Iraque é, politicamente, brilhante.
INIBIDO OU DESINIBIDO?
O presidente da Comissão parlamentar para a Execução Orçamental e porta-voz do PSD para a economia, Tavares Moreira, foi inibido pelo Banco de Portugal, de exercer durante 7 anos qualquer actividade de gestão em instituições bancárias.

E ainda continua a ser presidente da Comissão? E porta-voz?
PERDIDOS E ACHADOS
A Causa perdida. A Causa deles.

Ou "O retorno pós-moderno do valor do ífen: contributos".

26.11.03

CUP
alguém me disse hoje de manhã: "agora havíamos de construir um barco e ganhar aquela merda, só para os gajos verem".
Pois.
Certamente patrocionado pela família Horta e Costa: PT+CTT+Totta+EDP
ANARCA BARALHADO
Arrumei os links por ordem alfabética e agora não me consigo orientar nas minhas viagens!
Mas porque é que fui mexer no que estava tão bem quietinho?
CATALAXIA
Adeus e até ao teu regresso!
"MOMENTO EUFÓRICO MENOS FELIZ"
Se os amigos, familiares e apoiantes de algum dos prováveis arguidos no Casa Pia (ou relacionado com qualquer outra investigação criminal), fizessem uma manifestação à porta do Tribunal, tal seria não só escandaloso, ridículo e pateta.
Inúmera gente viria para os media debitar sobre as "insuportáveis pressões" sobre os tribunais, o Noronha do Nascimento e o presidente do sindicato dos magistrados judiciais dariam 4 entrevistas sucessivas na televisão a dizer que os juízes são pessoas e que merecem respeito, que os orgãos de soberania não podem ser sujeitos a tal tipo de pressão e por aí fora.

Mas como se trata de estudantes universitários (400 num universo de 22 mil é certo), que se foram manifestar em frente do Tribunal de Coimbra a pedir a retirada de uma queixa-crime contra o presidente da AAC e "incertos", então deve ser apenas um "momento eufórico menos infeliz", recorrendo-se à definição-síntese da ideologia cívica do Ministro Arnaut.

25.11.03

DÚVIDAS EXISTENCIAIS
no bloguitica:
Sera’ que alguem consulta blogues para ouvir musica?
Ainda não.
E se nao se gostar da musica proposta?
Muda de blog, tal como se não gostar dos textos ou das imagens;
Em vez de se mudar de radio, na blogosfera muda-se de blogue?
Talvez.
E se se estiver a ver blogues discretamente durante o horario de trabalho sem se querer dar nas vistas?
Não é problema meu.
Mas pode desligar o som.
Tem de se desligar o som do computador quando se bloga?
Se não quiser/puder ouvir música, sim.

Comunicar com os outros mediante um blog, passa, como sabemos, sobretudo pela palavra.
Mas não só. Existem magnificos blogs dedicados exclusivamente à imagem, seja fotografia, pintura, design, bd, etc.
Há quem escreva e utilize imagens. E vice-versa.

E mais recentemente, há quem utilize o som.
Não conheço ainda blogs dedicados especialmente ao som. Há muitos dedicados à musica, mas ainda numa vertente de texto (de e sobre música) e imagens (fotos, capas).

O som poderá portanto vir a tornar-se mais um sector de especialização dos blogs.

Mas julgo que a questão mais interessante é que leitura fazer do som, se o blog não for a ele exclusivamente ou prioritáriamente dedicado. Como é o meu caso.

Terá o som utlizado juntamente com textos/imagens algum valor crescentado?
O som consegue ser independente do que se lê/vê?
Existe alguma potencial perda de "comunicação" pela interferência conjunta das 3 formas (texto/imagem/som)?
Julgo que sim.
Quem coloca o som, pode ter alguma intenção comunicacional, juntamente com o texto/imagem.
Mas os "clientes", quem vem a um blog, ainda estão numa fase em que se procura sobretudo texto. E a "leitura" integrada da intencionalidade das 3 componentes poderá ser de dificil tradução pelo receptor.

Portanto, há ainda que aperfeiçoar as formas de comunicar através do som/texto/imagem, e não simplesmente satisfazer-se com essa possiblidade técnica. Há que aprender e ser criativo. 'Bora lá.
ORA NEM MAIS
Sintético, directo e verdadeiro: no Liberdade de Expressão:
" A diferença entre a atitude jacobina e a atitude liberal perante a liberdade religiosa.
Em França, as adolescentes muçulmanas vão ser proíbidas por legislação especial de usar o véus islâmico nas escolas públicas.
No Reino Unido, por decisão dos tribunais, os polícias Sikh podem usar turbante
."

24.11.03

BEM DITO
O editorial de Luís Costa no Local Porto do Público de hoje está muitíssimo bem. Equilibrado, sensato, numa análise certeira sobre a triste realidade política da cidade do Porto. Muito bem.
Acho que pela primeira vez em 2 anos, (ou lá perto), um jornalista do Público/Porto conseguiu fazer um editorial de política local, sensato e isento. Excelente.
SOM
Agora também disponível neste blog.
Sinceros agradecimentos ao Kappa do blog "Bloguisses".

Update:
Quem desejar parar a música, na coluna à direita, por cima dos meus links carregar em parar.
Quem desejar ouvir novamente, fazer refresh à página.

23.11.03

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
Não concordo em nada com a sugestão da ND sobre o fim do Tribunal Constitucional e a sua substituição pelo STJ, sobretudo quanto aos argumentos invocados: o de ser um Tribunal de caracter político, nomeadamente quanto à designação dos seus titulares.
Ora eu entendo que esse é o melhor sinal de funcionamento de um Tribunal: saber-se, acompanhar-se e vigiar-se a sua legitimidade directamente por orgãos políticos.

Se há coisa que se deve evitar a todo custo num Estado democrático é a entrega de poderes (ainda para mais significativos) a orgãos que tem uma organização, cultura e designação autómoma dos poderes democráticos. Isso seria a consagração de uma casta de iluminados, manipulável e coorporativa e cujas lutas ou formas de conquista de poder (comuns em todas as instituições) passariam ao lado da legalidade, da transparência e da legitimidade popular. Isso, não, nem pensar.
A ideia de que o "apolítico", o "funcionário do Estado", o "organismo autónomo" são mais eficazes em manter os equilíbros, mais isentos, mais distantes das disputas políticas de circunstância, são disparates não-democráticos. Defender que tais figuras vigiariam e assegurariam de modo mais eficaz e isento a legalidade, é algo de contrário ao sistema político democrático. É pura demagogia.

Nos sistema de tribunais actualmente vigente, a legitimidade dos seus titulares é única e exclusivamente aferida pelo estrito cumprimento das leis emanadas pelos orgãos democráticamente competentes. O que é manifestamente pouco.

Um Tribunal como o TC tem uma legitimidade acrescida, dado os seus titulares serem nomeados por orgãos de soberania com legitimidade democrática. Ou seja, há um reforço significativo da sua autoridade (e não uma diminuição, como alguns defendem). A haver alguma alteração nos tribunais, poderia ser a substituição do nome de TC para STJ, assumindo as actuais funções dos dois tribunais. Assim, sim, o sistema seria reforçado e estruturalmente melhor organizado.

Entendo que a nomeação dos juízes para o TC deveria ser feita pelo PR, sendo ratificada pelo Parlamento, e cujo mandato seria até à idade da reforma (70/75 anos). Desta forma, seria reforçada a estabilidade necessária, mas ao mesmo tempo tempo introduz-se uma componente política essencial, por forma a que as leis sejam avaliadas consoante modificações estruturais e conjunturais de longa duração, espelhando dessa forma a própria evolução da sociedade e sem necessidade de mudanças constantes nas leis/CRP.
PRESIDENCIALISMO
Estou de acordo com o Catalaxia: a questão mais relevante para uma reforma do sistema político é a necessidade da mudança da lei eleitoral, para um sistema uninominal.
Sob o presidencialismo. Em termos culturais, não existe essa tradição nem em Portugal, nem na Europa, pelo que é de difícil "venda". Eu prefiro o sistema actual, com dupla legitimidade directa: do parlamento e do PR. Este tem um poder significativo, e uma legitimidade própria que lhe permite "interferir" na actividade legislativa. Sendo um cargo personalizado, naturalmente a maior ou menor eficácia, ou satisfação com o seu desempenho, terá muito a haver com a personalidade que ocupa o lugar. Nesse sentido, acho que os PR tem usado pouco e mal alguns dos poderes, nomeadamente o das mensagens ao Parlamento, ou o de presidirem ao Conselho de Ministros (acho que este poder se mantem, se não corrijam-me).
Relativamente às Regiões Autónomas, não vejo necessidade da existência de um "Ministro" de tipo "Vice-rei", representante dos poderes do PR. Julgo que a legitimidade do PR mais do que suficiente para ser ele próprio a vigiar a conformidade e oportunidade das leis dos parlamentos autónomicos, sem intermediação.

22.11.03

A LER COM ATENÇÃO...
...o discurso de George W. Bush em Whitehall Palace , Londres.
Voltaremos a ele com mais tempo.
PRODUTIVIDADE
Um sinal da baixa produtividade portuguesa é de fácil constatação por todos: ao fim de semana, os visitantes em qualquer blog são muitíssimo menos do que à semana. Ou seja, o pessoal parece gastar uma parte do seu dia de trabalho a navegar pela internet. Mas não ao fim-de-semana, pois nessa altura já não precisam fazer de conta que trabalham...
UMA GREVE ORIGINAL

Na madrugada do dia 20 de novembro de 1975, o então primeiro-ministro, Almirante Pinheiro de Azevedo anunciou ao país que "o Governo, não tendo condições políticas, suspendia qualquer actividade, entrava em greve".

É um dos meus episódios preferidos na História de Portugal: uma caso único no mundo, um governo em greve.

É uma coisa extraordinária. Com um evento destes, não compreendo como não há peças de teatro, contos, séries de tv e filmes sobre este (e outros) episódios verdadeiramente dramático/burlescos, personagens (i)rreais, heróis e vilões, que dificilmente, algum guionista conseguiria imaginar.
Recomendo vivamente a consulta dos Diários da Assembleia Constituinte, que felizmente estão online, para se ter apenas uma pequena ideia do que se passou.
Como aperitivo para o "filme": no dia em que o governo português entrou em greve, falecia o ditador Franco em Espanha....

21.11.03

DOIS DIAS...
...depois do vandalismo dos Sub-21, algumas dúvidas se mantêm:
- porque é que José Romão continua a ser seleccionador?
- quem era o dirigente que tendo sido atirado ao ar, derrubou o tecto falso?
- o que tem esse dirigiente a contar?
- porque é que a FPF ainda não avançou com um inquérito?
- porque é que os médicos desportivos portugueses abandonam seringas nos balneários com tanta facilidade? Não sabem que isso é perigoso?
CLARÍSSIMO!
Caro LR: os meus parabéns. O lifting realizado na original "às claras" foi um êxito total! Está impecável, como nova.
ALTA AUTORIDADE
Segundo o "Público", PS, PSD e CDS estão de acordo com a extinção da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Mas querem criar um orgão que a substitua, mantendo a sua consagração e regulação na Constituição.
Para quê? O que é que a CRP deverá ter a haver com a regulação da comunicação social? Isso são assuntos que se resolvem por lei.
É excessivo dar-lhes consagração constitucional. Por essa forma enche-se a CRP de entulho, que só serve para que ela não assuma de vez um caracter intemporal e não meramente conjuntural.
CUNHA RODRIGUES
O caso da UGT e da alegada fraude com dinheiros do Fundo Social Europeu vai a julgamento no próximo ano, DEZASSEIS ANOS depois dos acontecimentos. Lembro apenas, que este foi um dos casos que o então PGR "avocou" a si, por forma a combater certas críticas da altura, relacionadas com a lentidão da justiça.
EXCELENTE NOTÍCIA!
"Queima das fitas pode não se realizar"
O presidente da AAC diz que o protesto contra as propinas pode chegar a essa forma de luta. Era bom, mas não acredito. O dinheiro envolvido é de tal forma significativo, que não estou a ver esta gente a desistir facilmente dessa fonte preciosa de financiamento para a compra de cadeados.

A Assembleia Magna da AAC teve 400 participantes. É pena. Os milhares de alunos que faltaram também tem responsabilidade no que se tem passado naquela academia.

O "Magnifico" lá voltou a dizer, que tirando chamar a polícia, coisa que ele nunca fará, os professores contestatários não apresentaram alternativas por forma a resolver a situação do fecho das faculdades. Também é pena. Mas chamar a polícia (Seria preciso? Não deveria esta agir automáticamente por violação das leis gerais?), seria o mínimo que o Reitor deveria fazer, por forma cumprir a sua obrigação. O personagem teve a distinta lata de dizer que durante o fecho das faculdades, apenas as aulas não se realizaram, tudo o mais decorreu dentro da normalidade. Ah, pois, as aulas. "Apenas"... pois, tá certo.

20.11.03

PARA ALÉM DA MANCHA
Amigo LR, 100 mil pessoas em qualquer parte do mundo, é uma manifestação com sucesso.

Certamente devido a um final de dia cansativo e stressante, a posta "às claras" é a menos liberal do rico historial do Mata-Mouros.

Numa manifestação, quem lá vai, não quer "o direito de pretender impôr as suas teses". Tão só manifestam a sua posição. Neste caso, de desagrado pela política do governo britânico e americano.
É exagero chamar a toda aquela gente de "arruaceiros". Há-os, como em todo o lado. Mas, neste caso não é importante, nem é isso que está em causa.
Se havia dúvidas, hoje ficou demonstrado que a causa que defendem é uma causa popular, aceite por muita gente. E isso tem significado. Pelo menos em democracia. E se todos sabemos que o número não é sinónimo de "clarividência", também não se pode cair no inverso e negar a validade de um argumento simplesmente pela sua popularidade.
OUTRO LADO
Ao contrário do Terras do Nunca, não creio que os autores e mandantes assassinos dos atentados desta semana na Turquia queiram "atingir Bush, Blair e companhia", no sentido de criação de dificuldades politicas. Eles querem mesmo é atingir-nos a todos. O "outro lado". No nosso modo de vida.


Veja-se o atentado na Indonésia. Não foi direccionado a nenhum centro político ou sucursal representante do "ocidente", mas sim a uma discoteca, uma centro de diversão numa estância balnear: um lupanar diabólico, segundo essa gente.
O atentado de hoje, atingindo interesses estrangeiros num país laico e simultaneamente muçulmano, só pode significar uma mensagem: não queremos que sigam por aí. É um claro "manifesto" contra a laicidade e contra o modo de vida e "influência ocidental".
ALL IN THE FAMILY...
...have a blog


O Fumaças tem um faro apurado e consegue descobrir verdadeiras pérolas. De vez em quando faço umas tentativas aleatórias nos Frescos, mas não tenho tido sorte.

Desta vez, a pérola chama-se Desenhos Animados e Jogos, do Mário Nuno, um miúdo de 7 anos que gere um blog sobre a actualidade. Pelo menos é um local imprescindível para se perceber a "agenda da blogosfera" que outros falam.
Mas, além do blog, achei engraçado os links: toda a família tem um: pai, mãe, avô e avó.
POPULAÇÃO E O FUTURO
Portugal precisará de 200 mil imigrantes POR ANO, por forma a manter a relação entre população activa e população idosa, segundo em estudo do Observatório da Imigração, do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas.
Excelente notícia.
Espera-se que o Governo e a União Europeia se deixem de medidas bacococas e tratem de legalizar e enquadrar esses fluxos migratórios, que tão necessários são para o país.
Acho aliás, que apenas uma renovação "genética" da população, mediante uma simbiose entre o "velho" e o "novo" poderá algum dia levar a que este país seja melhor.
"SOLIDEZ"
Caro bloguitica, é raro encontrar quem tenha a sua atitude "desportista", sinal claro de que a esperança na civilização ainda tem razões de ser. Obrigado e um abraço.
EMBATE
Kasparov e o computador empataram ao final das 4 partidas de xadrez.
Retenho a afirmação de Kasparov, que "os computadores estão progressivamente melhores, mas os humanos também aprendem".
É certo que as máquinas poderão progressivamente desenvolver capacidades de aprendizagem, sobretudo pela incorporação de sistemas que possiblitem evoluções nas decisões a partir da experimentação. Mas seria interessante enquadrar estas experiências, com o que António Damásio defende sobre o papel essencial das emoções no processo de aprendizagem e decisão racional.

19.11.03

IRELAND

Tenho pena que a minha selecção não tenha conseguido a qualificação. Gostava de os ver cá.
CUMPLICIDADES EUFÓRICAS

O ministro Arnaut, a propósito do vandalismo dos profissionais de futebol da selecção de sub-21, ontem em França, afirmou tratar-se de" um momento de euforia menos feliz".
Menos feliz alguém foi, mas não terá sido naquele momento.
José Romão, treinador dos "jovens eufóricos" defendeu os seus "meninos" e disse que "quem imaginaria que ao atirarem ao ar um dirigente com tanta força o tecto falso caísse". De facto, os tectos falsos não estão devidamente preparados para o efeito. Á atenção dos novos Estádios...
Por seu turno, os delinquentes "eufóricos" de Coimbra, fecharam mais uma vez as faculdades a cadeado, perante a "tristeza" do reitor que "compreende que se lhe peça medidas concretas". Mas que ele não toma.
Quando houver violência física (falta pouco) quem vai ser responsável? Mais uma demissãozita cobarde e sem efeitos?

Não sei. Imagino-me professor em Coimbra.
Talvez comprasse um tractor cheio de merda de cavalo e deitava-o à porta de reitoria, quando lá estivesse o "magnifico", a ver se ele ficava apenas "triste" e "compreensivo"; uma boa alternativa seria descarregar à porta da AAC.
PORTO RUPESTRE

A secção do PS de Cedofeita apresentou uma moção à Comissão Política Distrital na qual apela a que os socialistas boicotem Manuel Maria Carrilho e sugere que sejam anuladas todas as iniciativas com a participação daquele dirigente.
A moção foi aprovada por UNANIMIDADE!
Defendem aqueles cromos que MMC terá tomado atitudes que ofendem grosseiramente os estatutos.
Excelente exemplo de "democracia cultural e social", segundo o critério de Odete Santos.


Uma funcionária da autarquia portuense impediu que os vereadores da oposição utilizassem a sala de imprensa das instalações camarárias para falar com os jornalistas, pela segunda semana consecutiva.


O presidente da Casa da Música, Alves Monteiro falou ontem no Parlamento sobre a "derrapagem" de 33 para 90 milhões do orçamento daquela obra, que era suposto ter sido inaugurada em 2001.
Disse o descarado gestor público que em 30 de abril, data prevista para o fim da obra, pela subscrição de um contrato com Preço e Prazo Máximo Garantido, a Casa da Música, "ignorou penalizações em troca de os empreiteiros abdicarem de possíveis reclamações, como por exemplo, insuficiência de detalhe nos projectos". Reconheceu ainda que a culpa pela "derrapagem" não é só do gabinete de arquitectura e da empresa de construção, mas também da própria gestão da Casa da Música.
HOJE, este fulano ainda continua a ser membro da administração.
ODETE
Ontem à noite, quando me preparava para desligar a televisão, vejo que a senhora Odete Santos, deputada da nação, estava a dar uma entrevista à SIC - Notícas. Num daqueles registos, meio Caras, meio MTV, em que mostram a casa, as fotografias do tempo da escola, os trabalhos artísticos, a cozinha, enfim...

Ouço que estão a falar da Coreia do Norte. Deixa lá ouvir, que eu gosto bastante de ficção.
"Não, não é uma ditadura. Tem um problema de culto da personalidade que nós condenamos. Tal como o Estalinismo teve esse culto e que também entendemos errado".
Ora, bem, é SÓ esse apenas o problema?
Eu lembro-me de uma entrevista à Pública onde OS disse que Estaline tinha sido um grande homem. Julgo que há menos de um ano.
Depois, Odete Santos diz que a democracia que defendem tem diferenças em relação à Coreia do Norte, mas reafirma que esta não é uma ditadura. Refere que ditaduras há muitas e que nem sempre são assim chamadas, como por exemplo a Arábia Saudita.
"E Cuba?", pergunta a jornalista.
"É uma democracia do ponto de vista social e cultural. Não há mendigos nas ruas e existem bons médicos. Nenhum cubano tem de dormir na rua."
Fantástico!
A jornalista insiste: "Têm a pena de morte!"
Odete Santos: "Mas não usam muito".
Desligo.
Faz-se tarde e não tenho paciência para palhaçadas.
Que esta gente continue a querer ganhar o poder mediante eleições é que me espanta.
Que alguém defenda a "convergência" das esquerdas em Portugal, é algo de assustador.
Que o PCP seja chamado de "partido de esquerda"é um insulto para toda a esquerda.
CONSTITUIÇÃO
Parece que está em marcha uma revisão constitucional e que diversos partidos até apresentaram projectos cheios de artigos a rever.
O interesse da coisa é tal, a relevância para a vida de todos é tão significante que ainda só se conhece o aspecto anedótico: a 34ª alteração do nome do cargo de vice-rei das ilhas, o medo de morrer politicamente do PSD com o seu Senado e o medo de morrer fisicamente do CDS.
MUNDO DE AVENTURAS

Ao ouvir o meu filho de 5 anos a trautear a fantástica música do genérico do Star Wars, lembrei-me do "Mundo de Aventuras" de JPP, catalogado como "objecto em extinção".

Não creio.
Sei, porque li, onde encontro aventura, descoberta, amizade, mistério, perigo, risco, morte, vingança, crescimento, diversão, jogo, relações, fidelidade, traição...
Aqui. Eu e muita gente, felizmente.






17.11.03

CORTO



GRANDE POSTA!
... a de LR no Matamouros, intitulada "Elefantíase (II)".
Já aqui tinha abordado o assunto. Mas a forma clara e concisa como LR demonstra a mega estupidez do TVG, dá esperança de que este assunto não seja assumido como um facto consumado.
LAICIDADE - III
Continuando a discussão com o bloguitica:
"A Igreja Catolica não é comparavel a qualquer cidadão, organização, instituição ou associação nacional. Não tem os mesmos direitos e não tem os mesmos deveres."
Sempre li referências de que a IC, no que concerne a direitos, estes serão "a mais" e nunca a menos. Ou seja, pela lei geral será igual, mas por intermédio de um Tratado internacional, a Concordata, terá sido negociado pelo Estado português a atribuição de direitos específicos à  IC. Com isso, não vejo que os seus direitos sejam menores ou inferiores à  lei geral, nomeadamente quanto à  intervenção cívica. Quanto a deveres, estes serão os decorrentes da lei geral e da sua articulação com a Concordata. Mas em local nenhum é referido qualquer limitação ao seu direito de expressão.

"Como a própria Igreja Católica salienta, a Concordata garante, por parte do Estado português, o reconhecimento da Igreja Catolica como Pessoa Pública."
A Concordata actualmente vigor, não atribui expressamente á  IC qualquer estatuto de "Pesssoa Pública". Que ela própria assim o considere, é coisa diferente. Mas também não conheço, juridicamente, tal definição. O que existe é um reconhecimento automático da personalidade jurí­dica e da autonomia da IC face ao Estado português.
"E é precisamente este estatuto de Pessoa Pública que lhe coloca - a meu ver - limitações à liberdade de expressão"
Não vejo como, nem com que fundamento.

"(...) admito que a Igreja Catolica faça comentarios sobre a polí­tica interna portuguesa em determinadas situações e/ou contextos". Por outras palavras, não por principio, mas excepcionalmente. Trata-se apenas de uma diferença de grau."
Ora essa é para mim a questão fundamental desta nossa discussão e razão única pela qual abordo este assunto: defendendo eu a liberdade de quem quer que seja de expressar a sua opinião sobre qualquer assunto, não aceito que se defina a liberdade de expressão da IC (ou de outra qualquer instituição) como uma concessão, limitada a circunstâncias contextuais. O principio da liberdade de expressão deverá ser o inverso: liberdade total, e limitações pontuais, a definir por lei geral ou por acordo.
Portanto aqui divergimos radicalmente: defendo que a hierarquia da IC pode manifestar a sua opinião "por princípio" e não "excepcionalmente", seja sobre política interna ou externa.

"Quando a Igreja Católica se pronuncia sobre questões de política doméstica, o público alvo é ele também maioritariamente interno. Porém em questões de politica externa a audiência é não só interna, mas também internacional. Como tal, as afirmações podem ter repercussões internacionais que as declarações de índole interna normalmente não terão."
Hoje em dia o "interno" e o "externo" não são facilmente separáveis. Se a IC de Cuba falar sobre presos políticos, tal é assunto "interno", mas terá naturalmnente repercussões "externas". Os exemplos poderiam ser muitos.
Sobretudo não vejo qual o interesse ou legitimidade do Estado em se preocupar ou pretender limitar eventuais "repercussões internacionais" de declarações da hierarquia ou de membros da IC ou de qualquer outra instituição/organização.
TRIBALISMO
"Chefes tribais querem assumir controlo do Sul"

Confesso que ao ler este título no JN pensei tratar-se do rescaldo da inauguração do Estádio do Dragão....
LAICIDADE - II
O bloguitica questiona porque razão deverá a hierarquia da Igreja Católica prenunciar-se sobre questões de política externa portuguesa.
Porque não? Não são as instituições, associações e cidadãos, livres de questionar o que quer que seja?
Porque o faz? Suponho que a política externa emana de decisões e opções a nível interno, que dizem respeito a toda a sociedade. Logo, são passíveis de ser analisadas, apoiadas ou criticadas do ponto de vista da sua oportunidade, legalidade, relevância para o bem comum, etc., etc. Sejam pela IC, seja por quem quer que seja.
Segunda questão: "deverá o Estado pronunciar-se sobre questões de ordem interna da Igreja Católica?"
A expressão "Deverá" não acho que faça sentido neste contexto. Se o sentido da pergunta era "poderá", aí acho que não pode, nem sobre a IC, nem sobre a vida interna do que quer que seja: instituições, associações ou cidadãos. Apenas poderá interferir, por via indirecta, (afectar, é o termo), mediante legislação que se aplique genericamente a todos, ou em virtude de acordos.

16.11.03

IRAQUE E IRRESPONSABILIDADE
Li diversos comentários e análises ao que se passou com os jornalistas portugueses no Iraque. Na sua esmagadora maioria, um chorrilho de disparates.

Uns defenderam que a grande responsabilidade é das empresas de comunicação que enviaram jornalistas impreparados, sem condições, visando apenas audiências a todo o custo, etc, etc. Outros dizem que a culpa é do Governo que abandonou cidadãos portugueses à sua mercê, sem o necessário apoio. E uma terceira via, afirma que a GNR nada fez para os proteger.

Ora, convirá ter em atenção o seguinte:
A jornalista Maria João Ruela explicou muito claramente o que se passou: os jornalistas chegados ao Kuwait quiseram acompanhar as tropas da GNR em direcção a Bassorá. A GNR disse que nem pensar pois não tinha condições para assegurar a segurança dos jornalistas, dado que nos últimos dias havia muitas notícias de roubos de viaturas e assaltos em toda aquela região. Os jornalistas, no dia seguinte, entenderam eles próprios que as condições de segurança estariam mais calmas, tendo optado por arriscar pelo que se fizeram ao caminho, com intenção de chegar a Bassorá, tendo posteriormente ocorrido os incidentes de todos já conhecidos.

Ou seja, não houve ordens das empresas para se arriscarem daquela forma; a GNR tomou uma decisão correcta e prudente; o Governo não teve nada a ver com o caso.

Em suma: os jornalistas, no seu entusiasmo ou impaciência, tomaram uma decisão, por sua única conta e risco. Que correu mal.
Hoje mesmo, Carlos Raleiras defendeu tal posição, dizendo que não fazia sentido aventurarem-se novamente naquelas condições, sem cuidarem de previamente contratar alguns seguranças armados, intérpretes e guias locais, bem como escolherem viaturas mais discretas e não novinhas em folha, para não atrair as atenções.

Não vejo razão para tanto espalhafato. Tudo não passou de amadorismo e inconsciência dos próprio jornalistas. Mais nada.
Mas a cultura da irresponsabilidade e do "chutar para canto" sempre aparece ao de cima quando as coisas correm mal.
JUSTIÇA? - II
Queremos saber o nome desse incompetente irresponsável!

" Um juiz-desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa ignorou um mandato de captura e um pedido de extradição emanados pelas autoridades de Espanha e colocou em liberdade, na tarde de sexta-feira, um cadastrado daquele país, detido desde o passado dia 6, depois de baleado por desconhecidos na Avenida da Igreja.(...) Mais grave, para os investigadores, é o facto de o juiz que apreciou o seu caso ter esquecido por completo o pedido das autoridades espanholas que ao saberem da sua detenção em Lisboa, depresssa fizeram chegar um mandato de detenção internacional acompanhado de um pedido de extradição. (...) Os investigadores em Portugal estão consternados. (...) Estamos a falar de um dos maiores traficantes de droga. De alguém muito perigoso.(...)
Público, 16-11-03
JUSTIÇA? - I
Lista de deputados que, segundo a Visão, apropriaram-se ilegitimamente de dinheiro dos contribuintes e cuja acção penal prescreveu com a conivência dos procuradores-gerais Cunha Rodrigues e Souto Moura:

- Vitor Caio Roque;
- Alberto Araújo;
- Manuel João Freixo;
- António queirós
- Alberto Vieira;
- Arisitides Oliveira;
- Fernando Ferreira;
- Joaquim Arújo;
- Malato Corrreia;
- Joaquim Mendes;
- Cecília Catarino;
- António Mendes;
- António Tavares;
- César Santos;
- Jaime Mil-Homens;
- Sottomayor Cardia;
- António Marinho;
- Paulo silveira;
- Belamino Correia;
- Cristovão Norte;
- Lícinio Silva;
- Américo Salteiro;
- José Luís Ramos;
- Luís Tavares da Silva;
- Antonieta Moniz;
- Fernando Amaral;
- Maria Eiró Medeiros;



14.11.03

LAICIDADE?
No Bloguítica (post 972) discorda-se do facto da hierarquia da Igreja Católica portuguesa se pronunciar sobre política externa portuguesa.
Não vejo o porque dessa limitação. Em nome de quê é que aquela organização deverá estar limitada na sua liberdade de expressão? Não pode qualquer cidadão, organização, instituição ou associação nacional pronunciar-se sobre o que bem entender? Acho que sim. Defendo que sim.

Coisa diferente, que convém não misturar é se o que a hierarquia diz ou defende é razoável, acertado, errado, horrendo, ou mesmo, de algum interesse. Mas isso é o fruto da liberdade, não uma limitação.
ABSOLUTAMENTE "LIBERAL"?
Via Catalaxia, chego a este blog, com quem travado intensa discussão sobre República e Monarquia.
A certa altura vejo que CN diz: "Liberalismo não tem nada que ver com Democracia. O primeiro é o primado da propriedade privada e livre contrato. O segundo, um sistema de escolha rotativa do próximo ditador temporário social-democrata."

Que confusão! Nunca tinha visto alguém contrapor liberalismo versus democracia. Estamos sempre a ver coisas novas.
Liberalismo sem democracia é algo que desconheço. E que entendo prática e teóricamente impossível. Democracia sem liberalismo é algo que não aprecio especialmente.

RESQUÍCIO
Na pátria das liberdades, a simples continuação da existência da monarquia provoca, nos dias de hoje (!), contratempos inusitados e surpreendentes à Liberdade:

"O boicote das distribuidoras de publicações periódicas britânicas a mais de uma dezena de títulos estrangeiros por estes falarem sobre a alegada bissexualidade do príncipe Carlos está a indignar os "media" europeus.(...) O Supremo Tribunal emitiu há dias uma ordem proibindo a imprensa britânica de noticiar sobre rumores que envolvem o sucessor ao trono num "incidente sexual" com um empregado do palácio de Windsor."
(Público, 13-11-03)

BARBRA
Descobri que o Mar Salgado é meu companheiro num saudável" ódio de estimação" relativo a Barbra Streisand.
Como eu vos compreendo. Bem hajam.

Uma variante, saudável, lúdica e instrutiva do ódio de estimação é aquilo que eu apelido de "fétiche".
Personagens públicos que nos fascinam pelos mais errados motivos. A quem somos incapazes de não prestar atenção. Por quem nutrimos uma admiração pela sua capacidade de nos surpreenderem constantemente. Cujos dislates são constemente superados pela novidade, num ciclo viciante. São poucos. Felizmente. E devem ser criteriosamente seleccionados para não enjoar, mas sim, cumprirem o seu objectivo recreativo.

Embora com um substrato comum (personagens que nos são profundamente desagrádaveis, pelas mais variadas rzões), "ódios de estimação" e "fétiches" destinguem-se muito facilmente: no primeiro caso, não suportamos o nome, mudamos de canal, saltamos da cadeira, ficamos irritadiços à simples menção do nome. Enfim, afectam-nos, intelectual e fisicamente.
No segundo caso, pomos a televisão mais alto, dizemos para a companhia: "Shiu, deixa ouvir", tomamos notas, temos prazer em os citar entre amigos.
Como já aqui uma vez referi, tenho 3 "fetiches": Armando Vara, o clássico Gabriel Alves e o inultrapassável Guilherme Silva.
INOCÊNCIA PERDIDA



Hoje tive uma desilusão.
Hergé, num extrato de uma entrevista publicada hoje no Público, a propósito da criação de Dupont e Dupond confirma que eles são gémeos!
E eu que sempre pensara que aquela dupla era uma bela piada: dois homens iguais, com tiques caricaturais de gémeos, mas que não eram nem irmãos, nem sequer parentes, pois o nome de família era diferente.

Assim se desfazem certos mitos de infância.
SANTO AGOSTINHO - 13 DE NOVEMBRO DE 354

Aurelius Augustinus "(...)nasceu em Tagasta, cidade da Numídia [norte de África], de uma família burguesa, a 13 de novembro do ano 354. Seu pai, Patrício, era pagão, recebido o batismo pouco antes de morrer; sua mãe, Mônica, pelo contrário, era uma cristã fervorosa, e exercia sobre o filho uma notável influência religiosa. Indo para Cartago, a fim de aperfeiçoar seus estudos, começados na pátria, desviou-se moralmente. Caiu em uma profunda sensualidade, que, segundo ele, é uma das maiores conseqüências do pecado original; dominou-o longamente, moral e intelectualmente, fazendo com que aderisse ao maniqueísmo, que atribuía realidade substancial tanto ao bem como ao mal, julgando achar neste dualismo maniqueu a solução do problema do mal e, por conseqüência, uma justificação da sua vida. Tendo terminado os estudos, abriu uma escola em Cartago, donde partiu para Roma e, em seguida, para Milão. Afastou-se definitivamente do ensino em 386, aos trinta e dois anos, por razões de saúde e, mais ainda, por razões de ordem espiritual.

Entrementes - depois de maduro exame crítico - abandonara o maniqueísmo, abraçando a filosofia neoplatônica que lhe ensinou a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal. Destarte chegara a uma concepção cristã da vida - no começo do ano 386. Entretanto a conversão moral demorou ainda, por razões de luxúria. Finalmente, como por uma fulguração do céu, sobreveio a conversão moral e absoluta, no mês de setembro do ano 386. Agostinho renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento, em companhia da mãe, do filho e dalguns discípulos, perto de Milão. Aí escreveu seus diálogos filosóficos, e, na Páscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio, recebeu o batismo em Milão das mãos de Santo Ambrósio, cuja doutrina e eloqüência muito contribuíram para a sua conversão. Tinha trinta e três anos de idade.

Depois da conversão, Agostinho abandona Milão, e, falecida a mãe em Óstia, volta para Tagasta. Aí vendeu todos os haveres e, distribuído o dinheiro entre os pobres, funda um mosteiro numa das suas propriedades alienadas. Ordenado padre em 391, e consagrado bispo em 395, governou a igreja de Hipona até à morte, que se deu durante o assédio da cidade pelos vândalos, a 28 de agosto do ano 430. Tinha setenta e cinco anos de idade.

Após a sua conversão, Agostinho dedicou-se inteiramente ao estudo da Sagrada Escritura, da teologia revelada, e à redação de suas obras, entre as quais têm lugar de destaque as filosóficas. As obras de Agostinho que apresentam interesse filosófico são, sobretudo, os diálogos filosóficos: Contra os acadêmicos, Da vida beata, Os solilóquios, Sobre a imortalidade da alma, Sobre a quantidade da alma, Sobre o mestre, Sobre a música. Interessam também à filosofia os escritos contra os maniqueus: Sobre os costumes, Do livre arbítrio, Sobre as duas almas, Da natureza do bem.

Dada, porém, a mentalidade agostiniana, em que a filosofia e a teologia andam juntas, compreende-se que interessam à filosofia também as obras teológicas e religiosas, especialmente: Da Verdadeira Religião, As Confissões, A Cidade de Deus, Da Trindade, Da Mentira."

Texto retirado do "Mundo dos Filósofos"
ERROU - PARTE 2
Diz o Barnabé que "Uma nota da Conferência episcopal portuguesa criticou a vaia a Durão Barroso, que considerou ser uma «falta de elevação cultural». Fica o desafio: está aqui a Nota Pastoral. São capazes de encontrar tal referência? Obrigado.

Já agora, uma pequena "nota": Fizeram-me ler a dita "Nota", o que foi uma malvadez, involuntária é certo. Aquele texto é lamentável, fora do tempo, moralista da pior espécie e, sobretudo, sem coragem.

13.11.03

"SIC"

Diálogo de um jornalista com Rui Rio, na SIC Notícias:
- "O Senhor está com a mesma grava do dia da tomada de posse. É talismã?
RR: Ah, não. É coincidência. Mas se calhar tem alguma razão de ser....
- Concerteza tem mais gravatas...
RR: Sim, muitas.
-...sobretudo agora que é presidente da Câmara...."

Além de uma memória notável para os pormenores, que se revelou muito útil para o público em geral, o dito jornalista revelou uma capacidade de extrapolação perfeitamente lógica.




IRAQUE
Com o actual sistema legal internacional, por imperfeito que seja, questionar a legalidade da ida de tropas ou forças policiais de qualquer país para o Iraque não faz sentido, face às recentes resoluções da ONU.

Mais até, esta fez um apelo para que o máximo número possível de países enviassem forças para manter a ordem e estabilizar o país, de forma a salvaguardar os interesses das populações iraquianas e permitir o rápido restabelecimento da sua soberania política.
Com este enquadramento, entendo ser correcta a decisão e mesmo uma imposição solidária aceitável para os portugueses, a ida de forças policiais portuguesas para aquele território.

A sua missão visa salvaguardar e garantir um bem essencial em qualquer sociedade: segurança. Segurança contra quem se aproveita do vazio político, da autoridade da sociedade. Segurança contra o banditismo, contra a violência étnica. Segurança contra o radicalismo desrespeitador da diferença, segurança contra os terroristas e contra todos os que entendem legítimo o uso da força desenquadrado de um quadro legal.

Neste sentido, apenas se justifica a ida de forças policiais, sejam elas da GNR, da Polícia de Segurança Pública ou até dos Bombeiros.
Não vejo, neste quadro de actuação que fizesse qualquer sentido a ida de forças puramente militares, pois estas enquadram-se normalmente numa actuação exclusiva face a outras forças militares, o que não é o caso. Por seu lado, as forças de segurança são naturalmente vocacionadas para uma actuação em meios civis.
INFORMA-SE:

Ciclo de Conferências Público/Universidade Católica
"OLHARES CRUZADOS SOBRE O PORTO"

Dia 20 de Novembro
"A quem serve a ciência que se faz no Porto?"
Oradores: Sobrinho Simões e Luís Valadares Tavafes
Moderador: Xavier Malcata

Dia 27 de Novembro
"Que influência política tem hoje o Porto no contexto nacional?"
Oradores: Augusto Santos Silva e José Pacheco Pereira
Moderador: José Manuel Fernandes

Dia 4 de Dezembro
"Há vida para além de Serralves?"
Oradores: Pedro Abrunhosa e Vasco Graça Moura
Moderador: Manuel Carvalho

Dia 11 de Dezembro
"Porto, capital do trabalho ou de coisa nenhuma?"
Oradores: Artur Santos Silva e Rui vilar
Moderador: Paulo Rangel

Dia 15 de Dezembro
"O Porto perdeu velocidade ou parou no tempo?"
Oradores: Rui Moreira e Ernâni Lopes
Moderador: Alberto Castro

Início das conferências: 21.30 - Debate: 45 minutos - Duração a sessão: 2 horas
Local: Universidade Católica (Foz)
Entrada livre limitada ao espaço existente



PERDEMOS!

Dia 11 de Novembro de 2003, no jornal Diário Económico. Para memória futura:

"Portugal é o único país da Europa dos Quinze que tem uma percentagem de licenciados inferior à média dos futuros estados membros da UE. Dados relativos a 2001 revelam que apenas 9% dos portugueses terminaram o ensino superior.

Entre os futuros membros, a percentagem média de diplomados é de 13,9%. Em relação à população que termina o ensino secundário o fosso ainda é maior: apenas 19% , valor que representa um quarto da percentagem média dos futuros estados membros e dos países candidatos (77%). O relatório da Fundação Europeia de Formação, a que o DE treve acesso, revela ainda que Portugal tem também a mais elevada taxa de abandono escolar da Europa alargada e os piores níveis de literacia. A conclusão é fácil de tirar: com a entrada dos dez novos membros, em Maio de 2004, Portugal será ultrapassado, continuando no fundo da lista da UE em termos de escolaridade. Em declarações ao DE, a ministra Maria da Graça Carvalho não mostrou qualquer surpresa: «O diagnóstico já está feito».

Não sei, não. Mas a coisa parece não ter já emenda. Perdemos. Definitivamente, isto já não vale a pena.
Portugal será a Flórida da Europa: onde as classes médias/baixas europeias compram uma cazita para férias ou para a reforma.
Os portugueses (os sem qualificações e os super-qualificados) continuarão a emigar na procura de reais oportunidades; as primeiras e segundas gerações de emigrantes de leste tomarão conta de grande parte dos empregos qualificados; os portugueses revelarão a sua tendência endémica para o racismo caseiro; a questão da nacionalidade dominará o panorama político; o Estado continuará magestáticamente vegetativo; as empresas queixinhas e pedintes; a baixa natalidade e a emigração tornarão o "ser português" um bem escasso;

Tudo indica ser este o caminho. A ver vamos.

11.11.03

11 DE NOVEMBRO DE 1975
Foi o meu primeiro dia de aulas (obrigado Revolução!). O primeiro dia do liceu. Uma emoção: tinha pela primeira vez meninas como colegas.
As carteiras da sala de aula não tinham aquele buraquinho na madeira castanha. Nem sequer eram de madeira, mas cobertas de formica esverdeada. Os tampos não eram inclinados. Tínhamos um horário, impecavelmente preenchido, com as disciplinas (imensas!), as horas de entrada e saída, o número da sala, o nome, número e turma: 1º F, nº16. E a minha mochila! Que pinta, cheia de livros. Um caderno por disciplina, cuidadosamente forrado por mim com papel colorido. Um estojo fichola: lápis, 3 esferógráficas (preto, azul e vermelho), uma borracha, e um aguça. O estojo cheirava lindamente a couro.
E o liceu! Tanto espaço, tantas salas, tanta gente. E tínhamos um bar. E eu uma moeda no bolso!
À noite vi na televisão que tinham dado a independência a Angola.

ARMISTÍCIO DA GUERRA DE 1914-1918: 85º ANIVERSÁRIO
Guerra mais besta. Acho nunca ninguém percebeu muito bem o que lá estavam a fazer. Bom, pensando bem, não foi muito diferente de todas as outras.


Batalha do Somme: soldado britânico carrega colega ferido


Tropas britânicas, lideradas pelo general Maude,
levam prisioneiros turcos pelas ruas de Bagdá,
saudadas por árabes que viam nesse ato a sua libertação.


No vagão do armistício, na floresta
de Compiègne, Foch assina o documento
que oficializa o término das hostilidades.

Oficiais espiam a cerimônia em que o Tratado
de Paz é assinado na Sala dos Espelhos do
Palácio de Versalhes.


Paris é tomada por multidão eufórica nas
comemorações do fim da guerra.



MINISTRO DETERMINA PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA
Leio no jornal Público que o Ministro da Presidência, que tutela a comunicação social, aceitou as recomendações da Alta Autoridade para a Comunicação Social sobre a lista "de acontecimentos de interesse generalizado" a decorrerem no próximo ano e a serem transmitidas pela televisão em sinal aberto.
Todos os os "acontecimentos" são desportivos: jogos da selecção de futebol, das taças europeias de futebol, abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos, abertura e encerramento do campeonato europeu de futebol, jogos da selecção A de andebol, basquetebol e hóquei em patins. Uf!
Bom, eu pergunto: que poderes foram conferidos, que "função de Estado", que interesse público está em causa, para que o Estado, o Governo, a Alta Autoridade tenham uma palavra a dizer que seja sobre se estes acontecimentos são ou não transmitidos pela televisão? Não será "poder público" a mais? Não tem mais nada com que se entreter? Porque é que um ministro tem o poder de assinar um despacho a dizer, "sim, concordo e proceda-se em conformidade" sobre a transmissão televisiva de um programa de entretinimento?

Já quanto ao facto de todos os programas considerados "de interesse generalizado do público" serem programas desportivos, estamos conversados: é preciso dar o circo ao povo. Certamente por distração, omitiram as transmissões às portas de alguns julgamentos a decorrerem em 2004.
A NÃO PERDER!
PSD/Beja quer sanções para militantes que criticaram empresa do Aeroporto
QUEM É QUE DECIDE?

"A Comissão Europeia aprovou seis projectos portugueses de carácter prioritário, entre os quais as linhas de alta velocidade que ligarão Lisboa a Madrid e Porto a Vigo.

As linhas do comboio de alta velocidade (TGV) que ligarão Lisboa a Madrid e ao Porto e esta cidade a Vigo são os projectos transfronteiriços prioritários, isto é, cujo financiamento comunitário poderá ser desbloqueado a curto prazo e a sua concretização poderá acontecer em menos de três anos.(...)

A Comissão Europeia aprovou hoje 56 projectos dos Estados-membros, num investimento total de 62 mil milhões de euros, quase metade do Produto Interno Bruto português.(...)

A ideia dos chamados projectos prioritários foi oficializada na última cimeira franco-alemã, em que os respectivos líderes anunciaram a execução de dezenas de empreendimentos de âmbito transfronteiriço capazes de mobilizar elevados recursos humanos, financeiros e científicos, que poderiam permitir reanimar as economias europeias e projectar um clima económico mais optimista.(...)

O presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, disse hoje esperar que estes projectos sejam um "catalisador de que a União Europeia precisava para avançar".
Ultima-hora, Público online

Barroso e Aznar, porta-vozes da França-Alemanha-UE?
A FRASE DA SEMANA
" Nunca comentei qualquer facto judicial e muito menos uma notícia de jornal."
Catalina Pestana, Provedora da Casa Pia, Público, 11-11-03
DELINQUÊNCIA
O Mar Salgado transcreve de uma rádio, as palavras do dirigente da AAC: " convoquei uma RGA, e verificando que não havia quorum, tomei uma atitude pessoal, que foi mandar pôr o cadeado na Porta Férrea."

Um percurso político a vigiar no futuro;
Um "democrata";
Um simples sabotador, paralisa durante 4 dias um faculdade inteira,
Apenas 4 professores tomaram uma atitude cívica;
O Reitor nas mãos de um simples estudante académico;
Um dirigente académico, "numa atitude pessoal", à revelia da sua Academia, mobiliza meios (autocarros, cartazes), sem qualquer fundamento ou legitimidade: a RGA irá debruçar-se sobre esse abuso do poder?

A "Assembleia Magna" anunciou os dias em que irá fechar a cadeado as portas de todas as facudades de Coimbra: alguém vai tomar uma atitude, fazendo respeitar a lei e a liberdade?
RAVE PARTY
Foram anunciados os futuros traçados do TGV. Anunciaram-se os prazos de execução. E os custos estimados (24 mil milhões de euros!).

Só um "PORMENOR": a empresa RAVE - Rede Ferroviária de Alta Velocidade S.A., que tem dois accionistas: Estado (60%) e Refer (40%), lançou um concurso público de "Estudo das Ligações Transfronteiriças que se integram na Ligação Ferroviária de Alta Velocidade entre Lisboa / Porto e Madrid - Estudo de Viabilidade de 3 Corredores e Estudo Prévio do Corredor Aprovado"
Lançamento do concurso – 1 de Julho 2003
Abertura das propostas - 21 Outubro 2003

Os candidatos à realização do concurso devem estar banzados. Em pouco mais de 3 semanas, tudo foi decidido. Afinal, para que se vai realizar o" Estudo de viabilidade"? A viabilidade foi decidida na sexta-feira: o Orçamento de Estado vai pagar.
O TGV tornou-se viável!

Um outro concurso, com data de abertura de propostas em 30 de Setembro, visava realizar um "Estudo de Mercado, Avaliação Sócio-Económica e Financeira da Ligação Lisboa/Porto-Madrid"

Esqueçam.
Esqueçam tudo.
O Primeiro-Ministro já anunciou quanto vai ser preciso gastar. Já disse que eram viáveis. Já disse que iam ser construídos. Já disse quem os ia pagar.
Não sei. Se eu fosse gerente de uma das empresas concorrentes a estes concursos, pedia-lhe uma indeminização.
(fonte: Rave)

10.11.03

MURO DE BERLIM: 9 DE NOVEMBRO



O Intermitente recorda, e bem, que ontem celebrou-se o 14º aniversário da queda do Muro de Berlim, esse momento fundamental da nossa história.
Estava na sala sozinho, quando interrompem a emissão e um locutor, de que não me recordo do nome (julgo ter sido o José Eduardo Moniz), diz que foi dada ordem para abrir o Muro. Dei um salto na cadeira, de tão excitado e perturbado que fiquei. Andei pela sala, sentei-me, tornei-me a levantar. Imaginei aquelas pessoas, aquele povo a esgueirar-se pela brecha que se abria. A sensação de liberdade. A vertigem da liberdade repentina. Emocionei-me. Mais tarde vi as primeira imagens. A felicidade das pessoas. O gozo de brincar com os polícias. Os polícias com ar bem-disposto e com vontade de também eles comemorarem . Alívio: não iria haver violência. As pessoas em cima do muro, à martelada. As garrafas de champanhe. Foi uma festa. Foi uma revolução. Tudo ia mudar. Lembro-me bem do turbilhão que ia na cabeça: e agora? Vai aquilo tudo acabar? Mesmo? Para sempre? Que importava? Pelo menos aqueles alemães iriam ser livres. E nós também, com eles. Isso já era muito na altura.
TSF: UMA RÁDIO REGIONAL
"O encerramento do Túnel das Amoreiras vai afectar o seu quotidiano?", inquérito/sondagem a decorrer no site da TSF.

9.11.03

CRISE PERTO DO FIM
O único blog que eu desejava que acabase o mais rapidamente possível, está perto de atingir a sua meta: arranjar trabalho. Boa sorte.
IRAQUE
Nos últimos dias, a morte de mais alguns soldados americanos (e um polaco), no Iraque tem sido continuamente destacado. Foi ainda referenciada a questão de não haver/ser proibida a exibição de caixões de soldados mortos, o impacto crescentemente negativo da intervenção americana na sociedade dos EUA e a chamada de mais umas dezenas de milhares de reservistas.

Mas o acontecimento verdadeiramente importante, do ponto de vista político-militar, esse, não teve o destaque merecido: a recusa do Governo turco de enviar os dez mil soldados para o Iraque, para o que já tinha a prévia autorização do seu parlamento. Motivo: divergências e entraves colocados pelos americanos e crescente resistência a nível político interno.
Este afastamento do Estado turco, num momento que será decisivo, do ponto de vista militar e político, é um rude golpe para a Administração Bush e para a própria pacificação interna do Iraque. Acresce isto a eventuais efeitos mais duradouros na relação Turquia/EUA a longo prazo, dada a situação de mal estar anteriormente causada pela recusa turca da passagem de tropas pelo seu território em direcção ao Iraque.
Estarão as forças militares, cuja relevância ao nível do Estado é ainda significativa, dispostas a alinhar nesta nova posição política da Turquia? Ou estará este Governo turco a esticar demasiado a corda e, qualquer dia, é mesmo apeado, como alguns dos seus antecessores, em nome da preservação da "democracia ocidental"?
AVE TGV
Tal como se previa, diversos comentadores, analisam o "T deitado", se Espanha pode escolher e "ditar" as ligações com Portugal,se é mais importante Porto-Vigo se Lisboa-Porto e por aí fora.

Mas ninguém pergunta. e para que serve o TGV? E porque razão um esforço financeiro tão elevado é considerado prioritário para o país? E qual o retorno efectivo desse esforço, em termos de desenvolvimento? Parece que ninguém está interessada nisto. Nem os partidos, nem comentadores, ninguém.
Oxalá, algum Governo que aí venha no futuro, meta tudo isto no cesto dos papéis.
TRABALHO


Robert Campin (the Master of Flemalle)
Merode Altarpiece, Right wing: St Joseph in his workshop
c. 1425
Oil on wood
25 3/8 x 11 in.
The Cloisters, Metropolitan Museum of Art, New York

8.11.03

TGV
Custos do projecto:
- Porto-Vigo - 1300 milhões de euros;
- Aveiro-Vilar formoso - 2100 milhões de euros;
- Lisboa-Porto - 3600 milhões de euros;
- Lisboa-Badajoz - 1600 milhões de euros;
- Évora-Faro-Huelva - 2500 milhões de euros;
(dados do Público)

p.s. no mesmo jornal é adiantado que a Air Luxor vai lançar um passe Porto/Lisboa-Madrid por 398 euros.....

"ABSOLUTISMO MONÁRQUICO"
é a acusação da associação Nacional de Municípios à Portugal Telecom. Anunciou também que iria por fim aos contratos celebrados com aquela empresa. Ora aí está uma boa medida: certamente o contribuinte sairá beneficiado com a provável substancial redução de custos.
SOBE SOBE
São José Almeida tem a lata de colocar Álvaro Cunhal no topo da coluna "sobe e desce" do jornal Público, dizendo que o texto do ex-dirigente "Abre a possibilidade de um caminho novo ao PCP".
Certamente o caminho da Coreia do Norte, Vietname, Laos, Cuba e China.
É cada uma!
PRIMEIRO O PODER
O artigo de Augusto Santos Silva no Público de hoje sobre a comunicação social é esclarecedor. Aponta corretamente diversos sintomas perigosos na actual situação de concentração e interferência política. Mas ASS é simplemente contra "esta" interferência. Não contra "as" interferências. Fosse outra a cor política e este artigo não existiria. Em nenhum momento defende o fim (ou até uma simples redução), dos grupos estatal/governamental de comunicação social. Mais do mesmo, pois então.
Next!
É A(CABALA)
Informa o Ponto Média: "Há um segredo (mais um) na monarquia inglesa que toda a gente está a tentar abafar. O escritor de biografias Anthony Holder disse na semana passada no London Evening Standard uma frase absolutamente demolidora: "Those in the know about Smith's allegation, myself included, believe the monarchy could not survive the allegation.(...)"

7.11.03

EURICO A. CEBOLO
Tem toda a razão o Cruzes Canhoto. Falta o A. a Eurico Augusto Cebolo na minha posta mais abaixo.
Impõe-se uma ERRATA: na posta intitulada "Eurico Augusto Cebolo", onde se lê "Eurico Cebolo", dever-se-á ler: "Eurico A. Cebolo".
Obrigado.
R.I.P
ABC
O SUICIDA
"Eduardo dos Santos vai combater corrupção
O presidente do MPLA, garantiu, esta sexta-feira, que vai combater a corrupção e o comportamento negativo de alguns dirigentes. José Eduardo dos Santos falava no início da VIII reunião do Comité Central do partido, que prepara o Congresso
."
TSF
MÁ FÉ A MINHA. SEM ALTERNATIVA!
"(...) a criminalidade africana é essencialmente difusa e extracomunitária, tendo como alvo principal os portugueses de raiz. Quem discordar disto, ou é ignorante(..) ou está de má fé! Não há outra alternativa!
in Católico e de Direita

Não pronunciarás o nome do teu Senhor em vão.
(Ex.20,7)

6.11.03

A MANTA NÃO É DELES
Parece que amanhã vai haver uma cimeira Ibérica na Figueira da Foz, o acontecimento mais importante que li ocorre, "desde a idade média", nos dizeres castiços do seu presidente da câmara.
Não sei se de facto é da agenda ou da avidez dos jornalistas, mas a grande questão vai ser, certamente, a definição do traçado do TGV. Se deitado, reclinado, de braços abertos, de pé (vertical, diria EPC), enfim, por onde entra e por onde sai com mais facilidade e proveito.
Confesso não entender patavina de transportes (e assim quero continuar). Talvez por isso tenho dúvidas. Muitas.

Em primeiro lugar: para que precisa Portugal de um transporte de tipo TGV? Para chegar de Lisboa a Madrid em 3,5 horas, dizem. Ah!, mas... desculpem lá, não é mais rápido de avião? Para se ir do Porto a Vigo numa hora. E vai ou vem assim tanta gente? Para termos um caminho de ferro ligado à Europa. Ai sim? Mas, ... ignorância minha, certamente, a Dinamarca tem TGV? Ou as "ultra-isoladas" Noruega e Finlândia? A central Austria?
E quanto vai custar? Eu vejo para aí escrito muitos milhões de milhões de euros, mas dá-me a ideia de que ninguém sabe ao certo.
Outra questão pertinente: o TGV, supostamente é para andar a 200/300 km por hora, acho. Mas Aveiro quer que pare lá. Elvas, Évora, Coimbra, certamente Viana do Castelo, Setúbal, sei lá, toda essa gente deverá reinvidicar um apeadeiro "europeu". Está na massa do sangue desta gente. Mesmo com metade das paragens reinvidicadas, a média horária baixaria bastante. Em 1970, quando surgiu o "foguete", o meu pai fazia Porto-Lisboa, de comboio, em 3 horas. Actualmente as carruagens tem ar condicionado, conta-quilómetros, termómetro, comissários de bordo, bar, telefone, cadeiras almofadas, mas demora-se 3 horas e meia, com sorte. Não valia mais a pena....

Um outro aspecto a ter em conta: o preço e rapidez. As companhias aéreas de aviação de baixo custo, fazem Manchester-Amesterdão por uma ou duas dezenas de euros. De Faro viaja-se para Londres por preços ridículos. A Air Luxor lançou um "passe" de cento e tal euros, para a ligação Lisboa-Porto. Pergunto: também poderei tirar o passe de TGV para ir a Vigo almoçar, fazer umas comprinhas e voltar depois de almoço? Quanto vai custar? 5 euros? Se for mais, vou de carro! E para Lisboa, terei de parar no Entroncamento para sair o pessoal que tem passe de ligação com Madrid? Ah, e quando entrar em Campanhã, posso sair em Gaia? Isso é que me dava um jeitão: 200 á hora, pá, era um tirinho....

Enfim.
Saber, saber, de facto parece que nada sei. Acho é que não sou o único. Mas compreendo. E é tudo muito triste. Puxam o mapa para este lado, e destapa-.se do outro. Decide-se sem saber se vale a pena. Sem saber quanto custa.
Mas uma coisa sabemos todos: quem paga.
"JODER"
"joder, joder, joder".
Expressões soltas, perante dezenas de repórteres/predadores, pelo taxista, futuro bisavó do rei/rainha de Espanha ao ser questionado sobre o noivado da sua neta com o herdeiro da coroa. Sempre se tem alguma esperança para o bisneto/a: o bibô era um homem livre.
FUTEBOYS
Quando o empate do Sporting com uma equipa turca cujo nome nem me atrevo a tentar fixar é designado como "um resultado positivo", algo está mal: ou no futebol português, ou...na TSF.
ELISA
Parece que a senhora Deputada sempre vai "renunciar" ao mandato. E o pior relações públicas de que há memória, diz que sai "com lisura e correcção".
Mas, pergunta-se: como é que a RR vai resolver o problema da falta cada vez mais prolongada do seu director desportivo, agora ilustre deputado? Que portalegrense ilustre se segue na lista de substituições? Elisa acumulará a comissão em Londres com o descanso na RTP? Cenas dos próximos episódios dignificantes, next, after the break.
PALHAÇADAS
A manifestação "estudantil" de ontem, há que reconhecer, foi um sucesso em termos de participação. Nesse aspecto, não há volta a dar. As razões desse sucesso é que serão tristes, mas isso...

Agora, o que eu não entendi com muita clareza foi o seguinte: na mesma altura que decorria a manifestação em Lisboa, o Senado da U.Coimbra reunia-se para tratar das propinas. Os representantes dos alunos, saíram mais uma vez da sala para boicotar, impedindo a existência de quorum, mas não o conseguiram eficazmente, e estas foram fixadas.
Os alunos coimbrãos, ao chegarem de Lisboa fizeram uma "reunião" com 500 alunos (certamente saídos das camionetas) e decidiram "fechar" a Universidade.

Questões:
Então o Reitor de Coimbra não era contra a fixação de propinas pelas Universidades?
500 alunos? E os outros milhares?
A decisão de fechar uma Universidade com cadeados, impedindo a livre circulação e trabalho de alunos e funcionários, é legal?
O Reitor acha "lamentável" mas recusa-se a chamar a polícia e repor a legalidade. Porquê?
Os alunos acusam o Reitor de ser "traidor" por ter descurado os interesses dos alunos. Mas ele deverá defender os interesses dos alunos? Não sabia.
Hugo Salgado (nome a reter para memória futura) avisa que uma próxima medida poderá ser "impedir o Senado de se reunir". E ninguém faz nada?

Frases:
- "ou o Senado recua na má fé que teve hoje ou, se não nos quiserem ouvir, não os deixamos trabalhar."
- "a fixação de propinas na UC "não poderá passar impune";
- "nem mínima, nem máxima, revogação já";
- "traidor e fascista" (referente ao Reitor);
- "alguns universitários questionaram Seabra Santos sobre a sua atitude na condução dos trabalhos, chegando a perguntar-lhe se precisou dos estudantes "apenas" para assegurar a sua eleição pela Assembleia da Universidade";

P.S. eu escrevi "coimbrãos", porque, na dúvida, o corrector assim me obrigou, mas soa-me estranho. Será "coimbrões"? Isso não fica em Gaia? Será conimbricenses? Um pouquinho rebuscado e típico do JN, não?

4.11.03

PRÓLOGO
ao Leitor

"Não te chamo amigo, porque não nos conhecemos. Se te chama o teu pecado pelo caminho das Torinas, neste papel tens o melhor espelho das modas. Se fores tolo não entenderás nada, se fores discreto, de tudo te darás por entendido, se fores faceira não te rias, porque contigo falo e se fores homem de bom gosto perdoa-me o satírico, pelo verdadeiro, e para que ambos nos acomodemos, desculpa-me a paciência de escrever, que eu te desculparei a curiosidade de o leres porque de entre ambos, venha o Demo à escolha."

Fr. Luis de Santa Catarina OP, (1660-1740), in "Torina"

(Nota: prólogo que deveria ter encimado este blog na altura devida. Mas nunca é tarde para nada.)

PONTE D. MARIA

"Na sua época a Ponte D. Maria Pia foi uma obra de engenharia que deslumbrou portugueses e estrangeiros.

Gustavo Eiffel realizou sobre o Douro um audacioso e criativo trabalho.
A construção da Ponte iniciou-se em Janeiro de 1876, concluindo-se em Outubro de 1877.
Ocuparam-se 150 operários e utilizaram-se 1.600.000 quilos de ferro. As dimensões exigidas pela largura do rio e das escarpas envolventes, foi considerado o maior vão construído até essa data, aplicando métodos revolucionários para a época.
Testes à segurança foram efectuados como o emprego dos meios existentes e essa segurança foi largamente comprovada pela utilização, durante mais de 100 anos, ao serviço do caminho de ferro.

A inauguração em 4 de Novembro de 1877, foi presidida pelo rei D. Luís I e pela Rainha D. Maria Pia, que lhe deu o nome."

(in Luís Filipe Magalhães Pimenta. Vale a pena ver e ler o excelente trabalho sobre as pontes do Porto neste link)
SEGREDO BANCÁRIO
O elevado nível e a boa lógica da contra-argumentação do Catalaxia obriga-me a tomar fôlego, para tentar responder ou, quem sabe, deitar a toalha ao chão. Assim, a tréplica terá de esperar um pouco.

3.11.03

EURICO AUGUSTO CEBOLO
dizeis vós e com razão: quem é esse?

Caríssimos, é um diamante arrancado às profundezas das minas, um espécime novo dos oceanos mais profundos, uma nova estrela, quazar, buraco negro, sei lá. É o mais que certo vencedor do prémio Ignóbil da Literatura de 2004.

Descobri o personagem graças ao blog Xobineski Patruska. Um grande, grande bem haja.

Eurico A. Cebolo (ver biografia completa aqui), tem uma vasta obra de pedagogia musical. Os seus livros, invariavelmente encimados pela palavra "mágico" no título ("Musica Mágica nº1 , um milagre no ensino"; "Solfejo Mágico"; Acordeão Mágico"; Guitarra Mágica - Acordes", e por aí fora), denotam bem o carácter singular do autor. Alguma exploração da sua veia didáctica/musical valeria a pena, sobretudo o livro Piano Mágico, que tem na capa um cão a tocar. ..
Mas é hora de se passar para o núcleo criativo e genial deste autor até hoje completamente desconhecido: a sua literatura

Dez são os volumes já publicados, em épocas distintas mas que o passar do tempo não deixou marca. A profunda actualidade temática impressiona o mais incauto. A capacidade de renovação dos clássicos, numa demonstração de virtuosismo criador, pode considerar-se mesmo revolucionária numa sociedade em profunda letargia espiritual.



O seu primeiro romance, é, talvez sintomaticamente, o mais fraco, se se pode utilizar com alguma propriedade tal termo na apreciação crítica deste autor.
Na síntese introdutória, "A FILHA DO PADRE" resume singelamente que "O padre Januário é acusado de ter uma filha, Isabel, e de roubar as jóias dos Mendonça que valiam uma fortuna.
É patente a influência queirosiana no motivo da obra. Mas não nos deixemos iludir pelas aparências. A introdução de uma pequena mas importante variante argumentativa - o roubo - dá um tom de uma necessária modernidade ao romance.
De notar igualmente no seu primeiro romance, o início da introdução de toda uma nova estética, ao nível das sublimes capas que se tornaram com o tempo verdadeiros clássicos. Uma capa de Eurico A. Cebolo não é uma simples capa. É toda uma filosofia que ali é logo patenteada, de forma que o leitor adivinha de forma imediata, sem maneirismo novoriquistas, nem estratégias de marketing vazias de conteúdos, que a obra que tem em mãos é algo a reter, reler e, sobretudo, admirar.


Após a sua primeira experiência Eurico Cebolo avançou numa nova linha criativa: "A PROSTITUTA VIRGEM": Natália foi difamada publicamente e o seu pai, acusado pela morte do sogro, morre assassinado à sacholada". Vê-se claramente a introdução de um elemento sociológico tremendamente português e quase sempre olvidado dos escaparates: o assassinato à sacholada. Numa história romanceada de um drama tantas vezes quotidiano, a injustiça, os azedumes que se revelam a final trágicos, Eurico Cebolo dá um toque de humor na contradição subtil do título da obra e que se vem a revelar fundamental para o êxito da narrativa: a moça honesta obrigada a simular uma vida licenciosa, num mundo que vê a honestidade e a pureza como vícios e pelo contrário, idolatra o mal como um objectivo a alcançar. A não perder.


"A SANTA ASSASSINA" no qual "Um engano relacionado com um assassínio causa a infelicidade do jovem a quem atribuem a culpa. Ele fica com a vida destroçada por não conseguir provar a sua inocência", é uma obra intercalar de menor fôlego, mas que se lê com grande prazer. A sua compreensão total apenas será alcançada no conjunto anterior e posterior da obra de EC.



"CASEI COM A MINHA IRMÃ": Maria Alice é dada como morta no desastre ferroviário de Alcafache. O homem que antes a desonrou casa com a própria irmã." A veia queirosiana do autor volta ao de cima, num livro já tornado um clássico da nova modernidade. Refiram-se apenas a título exemplificativo, as referências a acontecimentos da actualidade perfeitamente identificáveis pelo público leitor.



Na sua 5ª obra, "CRUZ DE FOGO" surge como uma tentativa, bem alcançada, de renovação temática, sem ceder ao gosto popular. As tragédias gregas e as perseguições romanas aos primeiros cristãos, ciclicamente inundam o mercado livreiro em versões de pacotilha, mas correspondendo a uma genuíno interesse popular. Eurico Cebolo, antecipou-se a essa "moda livresca" produzindo um romance que se lê de um fôlego: Miriam, uma cristã a quem os romanos cegaram e escravizaram, é condenada a morrer queimada, mas uma poderosa força a protege."


"INCESTO SEM PECADO" retoma a veia irónica de " A Prostituta virgem", mas aqui o autor revela toda a sua maturidade, não negando as influências que a série televisiva "Homem rico, homem pobre" tiveram sobre a obra. No entanto Eurico Cebolo consegue converter uma boa ideia televisiva, de origem "cindereliana", num verdadeiro monumento literário de humor de fino gosto, matizado pelo toque sul-americano de primeira água que foi buscar a "novelas" de baixa qualidade, sublimando-as. "Duas crianças, trocadas ao nascer, vivem no mesmo palacete onde a rica ocupou a posição da pobre, de quem passa a ser criada, enquanto a pobre tomou o lugar da rica que odeia e maltrata" A Globo não faria melhor....


"Carmencita, a cigana sedutora, lia a sina nas palmas da mão que lhe estendiam, mas não via nelas o segredo do seu nascimento". Todo um programa jocoso se extrai da síntese deste enorme romance: "A MALDIÇÃO CIGANA". Eurico Cebolo não recua nas críticas mordazes ao "vendedores de sonhos", nem perante a força demolidora de tantos "adivinhos presentes nos meios de comunicação social que não conseguem esconder a sua falta de lisura e desconhecimento do dia em que serão corridos dos écrans. Eurico Cebolo, numa registo a rair a provocação, não dilui as contradições da sociedade actual, na qual tantas vezes a exclusão étnica ocorre e onde os conflitos estão em permanente latência.

"AS FREIRAS GRÁVIDAS". Após o nível alcançado em " A Triste ciganita" poucos eram os que alvitravam publicamente que o romance seguinte de Eurico Cebolo manteria a qualidade arrasadora demonstrada. Mas EC reinventa-se a si mesmo em cada página, em cada nova aventura: "A irmã Teresa, a freira mais linda do Convento das Cristianas, descobriu que ali havia um terrível mistério" De uma só penada, EC desfaz quaisquer dúvidas. O grande autor dá um passo importante na sua própria transformação num verdadeiro mito. O sucesso foi imediato.



O romance choque de Eurico Cebolo: "O FALO PERDIDO". Nesta obra, onde reflecte com grande acuidade a realidade, pura e dura de uma sociedade em decadência, o genial autor não poupa nas palavras nem utiliza canduras: "Miguel e Damião amavam-se como irmãos e cresceram juntos numa quinta onde um criado os levou a práticas sexuais aberrantes". A hipocrisia da onda de indignação que se seguiu ao lançamento deste monumental fresco, ainda hoje afecta a imagem pública do autor, numa atitude apenas comparável a Nabokov ou mesmo Polanski.

A morbidez das criticas da obra anterior, afectaram claramente Eurico Cebolo, que na sua ,até agora, derradeira obra, "A VIOLAÇÃO DAS MORTAS", assume claramente um toada provocatória: "O amor de um cego por uma jovem desfigurada. Um cemitério onde um necrófilo profanava os túmulos para violar as mortas." No entanto, o registo irónico não foi bem entendido, tendo deste então, Eurico Cebolo remetido-se a um estranho e longo silêncio.
Silêncio que neste trabalho pretendemos de uma vez por todas terminar. Levantar o véu denso que caiu sobre um dos nossos maiores. Um colosso das letras. Um eterno clássico.


"Que romance de Eurico Cebolo es?

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